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quinta-feira

Ô jacaré


Vem cá jacaré.

Eu num sô jacaré.

Vem cá menino.

Eu num sô menino.

Oxi, tu é o que então.

Eu sou gente!

Gente é?

É, gente da melhor qualidade.

Haha, da melhor qualidade? Como que é isso?

É que eu sou, Gente fina!

Ah, agora entendi. É isso mesmo. Então vamos ali com o pai, fininho!

Fininho nãããõo... Ô Mãããeee, olha eleee!!!


Joakim Antonio


Imagem: By Jackson Jost
Canon EOS 50D
1/4000s f/1.6
50mm ISO 250

quarta-feira

Guardiã


Neste fim de semana, vivenciei dias de trilhas, descobertas e presentes, sendo que a última experiência foi uma pequena iluminação de ideias, que trouxe paz ao coração de todos os envolvidos.

Ao entrarmos na mata, já sabíamos qual era a trilha e o local mais propício, mas fomos sendo atraídos para outro caminho, aberto aos olhos em conjunto, como que guiados ao nosso destino. Seguimos até encontrarmos uma árvore ainda desconhecida para nós, imponente e altiva, com uma energia que só conseguimos descrever como maternal. Uma grande mãe no topo da floresta, oferecendo guarida aos filhos, que em agradecimento também a protegiam. Fato impossível de não ser notado, pela quantidade de moradores da floresta que apareceram, fazendo com que também agradecêssemos.

Foi um momento surreal, pois alguém teve a ideia de abraçar a árvore para agradecer. Uma energia de paz percorreu a todos e, de olhos fechados, podíamos ouvir cada habitante da floresta a nos envolver, como em uma dança ancestral… o crepitar das folhas sendo pisadas nos deixava perceber o quanto seus outros filhos estavam perto e nos rodeando, numa enorme ciranda em volta da grande mãe.

Ao abrir os olhos, cada um contou suas percepções, mas a mais intrigante que notamos foi que a árvore formava um imensa estrela, espalhando-se pela floresta, abraçando e protegendo tudo ao seu redor. Todos se olharam e foram impelidos a dar um grande abraço, cada um sentindo-se também, naquele momento, uma grande mãe.

Recolhemos nossas coisas, agradecemos a guarida e o presente, pois voltamos pessoas diferentes, já que agora tínhamos mais uma mãe… e um local para chamar de casa.

Joakim Antonio


No dia 21 de setembro, é comemorado no Brasil o dia da árvore e tem como objetivo principal a conscientização a respeito da preservação desse bem tão valioso. 
No hemisfério sul, o dia 23 de setembro marca a chegada da primavera.



Pulbicado originalmente no site Retratos da Alma

Imagem: The Hidden Guardian by La Vita a Bella


domingo

Falso sumiço


Pai, pai, está sonhando acordado?

Não filho, estou relembrando.

O quê, conta, conta.
 
Diz a lenda, que foi nessa praia, ele caminhou até a margem, despiu-se das roupas antigas, olhou o horizonte sem medo, deu um sorriso e entrou no mar.

E depois pai, e depois.

Nunca mais foi visto.

Ele morreu?

De certa forma, sim.

Como assim, ninguém viu ele voltar, ele sumiu?

Não, mas dizem que naquela noite, choveram estrelas.

Então ele morreu, né pai, se o céu chorou por ele.

Quem sabe, ou talvez, entenderam tudo errado.

Por quê?

Porque ele era poeta.

Humm, e daí, não to entendendo nada.

Quando o poeta fala de roupas, muitas vezes que dizer ideias e quando fala de horizonte, pode querer dizer futuro, assim como seu mar, geralmente, é feito de sonhos.

Nossa, como o senhor sabe de tudo isso?

Porque um dia, eu li seus escritos e nós éramos tão parecidos, que eu achei, por um tempo, que também era poeta. Através dos livros, ele me revelou que quando o poeta sorri, não é porque vai sumir e sim, porque, finalmente se encontrou.

E o senhor nunca falou com ele pessoalmente?

Muitas, mas eu era muito pequeno e só lembro da nossa última conversa e... Ah, já escureceu, vamos embora?

Mas, pai, e a conversa, eu quero saber.

Eu disse para ele; "Poeta, eu quero ser igual você, ter o dom de fazer chover estrelas e, mais que isso, te fazer sorrir!".

E o que ele respondeu?

"Não sei quanto a chover estrelas, mas já tem, há muito, o dom de me fazer sorrir, isso acontece toda vez que em vez de me chamar de poeta, você me abraça e fala, PAI."

Então o poeta era meu vô?

Era.
 
Chora não pai, eu sei que o senhor também é poeta.

É - limpando os olhos - como filho?

Olha lá pra cima, tá chovendo estrelas de novo.


Joakim Antonio



Imagem: Living or dying by Eyesweb1

Futuro Real


Meu futuro é real, sem achismos,
apenas plena certeza.

Me acham tolo e riem do meu pequeno rugido, 
mas só vêm começos.

Mas eu tenho um segredo
para contar a vocês.

Eu vi meus pais, eu já sei o que vou ser, 
quando eu crescer.


Joakim Antonio


Imagem: Sigh by Svenimal

quinta-feira

Olho mágico



Acordou mais cedo que de costume, fez um buraco na janela que não abria e começou a olhar a vida lá fora. Passavam outras crianças comendo, bebendo, brincando e correndo até a escola, nunca havia visto tantas crianças rindo ao mesmo tempo. De repente um estalo o fez lembrar da explicação que sua falecida mãe lhe dera, sobre um buraco que ficava na porta da casa onde trabalhava e dava para ver as pessoas do outro lado. Olhou de novo as crianças correndo e sorriu, agora também possuía um olho mágico.


Joakim Antonio

Imagem: Closure by Jester

Doce momento



Um dia, minha mãe estava deitada na grama e me viu admirando as nuvens, então ela falou: "Filho, hoje irei lhe ensinar como levar uma nuvem para casa", então pegou uma pequena flor do campo e esticou o braço, até que tocasse de leve uma nuvem ao longe, que ficou como se fosse um algodão doce. Fiquei admirado e pensando, será que minha mãe é magica? Mas quando ela abaixou o braço eu disse: "Mas a nuvem continua lá". Ela riu e colocando sua mão quentinha no meu peito falou: "Não filho, aquela é outra nuvem, a que a mamãe pegou para você, estará para sempre aqui, no seu coração." Nesse momento eu tive certeza, minha mãe era uma fada!

Joakim Antonio
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