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domingo

Falso sumiço


Pai, pai, está sonhando acordado?

Não filho, estou relembrando.

O quê, conta, conta.
 
Diz a lenda, que foi nessa praia, ele caminhou até a margem, despiu-se das roupas antigas, olhou o horizonte sem medo, deu um sorriso e entrou no mar.

E depois pai, e depois.

Nunca mais foi visto.

Ele morreu?

De certa forma, sim.

Como assim, ninguém viu ele voltar, ele sumiu?

Não, mas dizem que naquela noite, choveram estrelas.

Então ele morreu, né pai, se o céu chorou por ele.

Quem sabe, ou talvez, entenderam tudo errado.

Por quê?

Porque ele era poeta.

Humm, e daí, não to entendendo nada.

Quando o poeta fala de roupas, muitas vezes que dizer ideias e quando fala de horizonte, pode querer dizer futuro, assim como seu mar, geralmente, é feito de sonhos.

Nossa, como o senhor sabe de tudo isso?

Porque um dia, eu li seus escritos e nós éramos tão parecidos, que eu achei, por um tempo, que também era poeta. Através dos livros, ele me revelou que quando o poeta sorri, não é porque vai sumir e sim, porque, finalmente se encontrou.

E o senhor nunca falou com ele pessoalmente?

Muitas, mas eu era muito pequeno e só lembro da nossa última conversa e... Ah, já escureceu, vamos embora?

Mas, pai, e a conversa, eu quero saber.

Eu disse para ele; "Poeta, eu quero ser igual você, ter o dom de fazer chover estrelas e, mais que isso, te fazer sorrir!".

E o que ele respondeu?

"Não sei quanto a chover estrelas, mas já tem, há muito, o dom de me fazer sorrir, isso acontece toda vez que em vez de me chamar de poeta, você me abraça e fala, PAI."

Então o poeta era meu vô?

Era.
 
Chora não pai, eu sei que o senhor também é poeta.

É - limpando os olhos - como filho?

Olha lá pra cima, tá chovendo estrelas de novo.


Joakim Antonio



Imagem: Living or dying by Eyesweb1

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