sexta-feira

LER - Lendo Escutando e Recontando - Parte II - Leitura



Na primeira parte falei sobre a minha concepção pessoal de ler, hoje falarei sobre a parte da leitura em si.

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra … O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na relação que eu tenho com esse mundo”.

(Paulo Freire – Abertura do Congresso Brasileiro de Leitura – COLE – Campinas, novembro de 1981)

Nosso mundo particular é formado basicamente na infância, onde nascemos, vivemos e como somos criados. Éramos um livro em branco, onde começamos a criar nossa história baseados na leitura que fazíamos do mundo à nossa volta.

Se nos foi dada a oportunidade de adentrarmos no mundo da leitura, então ótimo. Mas senão, não temos desculpa, com toda a informação de hoje em dia, para não estarmos lendo. A leitura é um hábito, como tudo em nossa vida, precisamos cultivá-lo. Aos que leem, necessitamos também estimular a leitura. Eu perdi vários livros emprestando-os para amigos, mas será que os perdi realmente? Se eles tivessem deixado de lado, sim, mas ao conversar sobre a história, saber sua opinião, concordar ou discordar, me surpreender com uma visão diferente, vejo que valeu a pena.

Mas sabe o que vale mais a pena ainda? Ter aberto o diálogo, ver a pessoa que não lia querendo mais, lendo jornais, revistas e, citando o caso de um vizinho, vê-lo respondendo às cruzadas do jornal e ficando feliz em ter aprendido uma nova palavra. Saber que você de certa forma causou aquilo, sim, isso vale a pena.

No caso de um escritor, ler irá afetar sua visão interior muito mais do que ouvir, ele estará atento à forma da escrita, fluidez, pontuação, em fim toda construção da história contada, se você pretende ser um escritor e não faz isso, deveria começar. Seu cérebro irá analisar e armazenar tudo e ao ler um novo texto, você reconhecerá de imediato o estilo do autor.

Se observarem diversos textos, verão que os autores pesquisaram antes de escrever, pode-se notar o quanto eles leram por suas citações, que complementam o texto e levam o leitor a querer ler mais. E assim também, como aconteceu com o autor, mudam a sua visão interior.

No meu caso, usando uma expressão muito dita aqui em casa, desde que eu me lembro por gente, eu leio. De histórias em quadrinhos a livros de autores consagrados, passando por jornais, revistas e livros ilustrados, adorava aqueles livros onde as figuras saltavam para fora da história, já disse a vocês que adorava Monteiro Lobato, eu lembro que os livros que lia até as figuras eram em preto e branco, mas para mim eram mais que coloridas. Elas tinham vida!

Lia até no banheiro e minha irmã me passava um sermão, já minha mãe quando eu saía peguntava: biblioteca? Interessante que meu mestre de Taekwondo, ao ouvir alguém dizer que não tinha tempo para ler o livro do teste, falava: sem tempo? Leiam no banheiro.

Há estudos comprovando que crianças e adolescentes em contato com a internet estão lendo mais, se olharmos bem na internet de anos atrás, havia apenas leitura. A internet realmente pode estimular mais, mas esse estudo não leva em consideração o ambiente onde a pessoa é criada, tudo depende do estímulo que tiveram, independente de se há internet ou não em casa.

Para terminar, cito uma frase de alguém que alguns podem pensar que só daria notebooks aos seus filhos:

“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história.” – Bill Gates.

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