Observava a mão e suas sutilezas, não encontrando o porquê, da mão direita amanhecer esquerda. Ao pegar a pena, derrubou a tinta como fizera diversas vezes, mas o desenho que se formou o intrigou, uma seta apontado outra direção.
Amassou, descartou e recomeçou.
Pegou outra folha intacta e a sentiu meio áspera, tentou escrever alegria, mas nada surgia, pois a mão sem controle algum, nada escrevia. Deixou ela correr livremente e os rabiscos, formaram um arabesco de flores negras.
Rasgou, descartou e recomeçou.
A mão estava tão diferente que pensou, naquele dia, literalmente ter errado a mão. Rapidamente puxou outra folha e novamente foi nonsense o que aconteceu, a folha lhe cortou a mão. Um filete escorreu pela gilete de papel, formando uma cumulonimbus em um branco céu.
Dobrou, guardou e recomeçou.
Se a nova mão trazia tempestade, só restava a ele aprender a lidar com ela e os novos tempos. Estranhamente, ao aceitar a nova diretriz, o controle da mão voltou. Ela continuava esquerda, mas agora sabia não haver apenas uma direção.
Pegou outra folha e começou a traçar uma nova história.
Joakim Antonio
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