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quarta-feira

Esquerda



Observava a mão e suas sutilezas, não encontrando o porquê, da mão direita amanhecer esquerda. Ao pegar a pena, derrubou a tinta como fizera diversas vezes, mas o desenho que se formou o intrigou, uma seta apontado outra direção.

Amassou, descartou e recomeçou.

Pegou outra folha intacta e a sentiu meio áspera, tentou escrever alegria, mas nada surgia, pois a mão sem controle algum, nada escrevia. Deixou ela correr livremente e os rabiscos, formaram um arabesco de flores negras.

Rasgou, descartou e recomeçou.

A mão estava tão diferente que pensou, naquele dia, literalmente ter errado a mão. Rapidamente puxou outra folha e novamente foi nonsense o que aconteceu, a folha lhe cortou a mão. Um filete escorreu pela gilete de papel, formando uma cumulonimbus em um branco céu.

Dobrou, guardou e recomeçou.

Se a nova mão trazia tempestade, só restava a ele aprender a lidar com ela e os novos tempos. Estranhamente, ao aceitar a nova diretriz, o controle da mão voltou. Ela continuava esquerda, mas agora sabia não haver apenas uma direção.  

Pegou outra folha e começou a traçar uma nova história.


Joakim Antonio



Imagem: Hand by Dead-beat-nick

terça-feira

Tradicional



Ao voltar a estudar, novamente escreveu. Não no notebook como sempre, mas no papel como nunca antes. Não gostava de cadernos e sim de folhas soltas, assim como as que suas irmãs árvores espalhavam por aí em combinação com o vento, pois cada folha possui sua própria vida e seu próprio caminho. E assim seguia escrevendo poesias mágicas e como toda magia, seguia um ritual, separava caneta e folha, tempo entre os  espaços ocupados, espaço dentro do tempo escasso e então escrevia. Nesse espaço-tempo só seu, descobriu os segredos velados apenas a quem nunca tentou, revelados a todos que ousaram concretizar sua escrita e só não resolveu uma questão, onde colocar tantas folhas até que juntas, tornem-se nova árvore então.

Joakim Antonio


Imagem: Traditional Art by Zalas
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