Às vezes eu brinco de escutar. Ouço uma brisa feita de batidas do coração. E o mesmo vento atrevido que percorre teus cabelos, passa lambendo roupas no varal.
Outro dia descobri que o sol cavalgava o vento, sutilmente. Uma nuvem nublou os pensamentos, mas assim que fiz menção de reclamar, ela fomou o desenho de um anjo e se desfez. No mesmo instante senti a brisa morna no rosto, como uma mão a me acarinhar.
Talvez eu seja muito supersticioso, associando tudo, mas hoje a brincadeira de ouvir se estendeu até às 18:00 hs e ouvi o sino da igreja, quase ao lado da academia, começar a badalar. Foi como quando eu abro a janela do navegador, na mesma hora que alguém começa a teclar.
Às vezes eu brinco de escutar. Ouço a terra e sorrio com sua natureza. Igual um sertanejo, tal e qual um velho índio, ainda com coração de menino. E no meu ouvido, sussurram sinais.
Joakim Antonio
Imagem: Rays of light by Ageofloss