domingo

Chegada







Acenda o fogo
Esqueça o lobo
Aceite a morte
Afaste o corvo
Saia da água
Viva de novo
Firme na terra
O tigre chegou 


Joakim Antonio




terça-feira

Card - Despertar



Amanheceu com algo no peito, totalmente diferente do que conhecia, quando abriu a boca para contar, só saíram poesias.

Joakim Antonio




Do texto Despertar II, publicado em 03/07/2011

Presente da amiga Margot Vidal

quinta-feira

Card - Bebendo à literatura






Uma crônica com uísque
um texto sensual com vinho
antes dum conto de amantes
uma boa dose de absinto

Uma prosa, um belo chope
um poema com licor
para um conto de cordel
uma cachaça por favor

Um haikai pede um saquê
contos de espionagem, vodka
Rum para histórias de piratas
mas não passe de uma garrafa

Cada escrito uma bebida
acompanha o seu leitor 
que morre de curiosidade
sobre a bebida do escritor

Joakim Antonio




Do texto Bebendo À literatura, publicado em 10/02/2011 no blog Descortinamento Mental

Presente da amiga Margot Vidal

quarta-feira

Card - Outros olhos




Não se incomode,
não olho no fundo 
dos teus olhos para intimidar. 
É que ainda tenho 
essa mania estranha, 
de conhecer o mundo, 
através de outro olhar.

Joakim Antonio





Do texto Outros Olhar, publicado em 02/12/12 23:59

Presente da amiga Jułiαηα Criveletto


segunda-feira

Esconde-esconde





Não olhe pro chapeleiro

malucos não têm segredos

o mecanismo do universo

mora no bolso do coelho.


Joakim Antonio





sexta-feira

Lei rígida




Doravante, nem o sonhador iniciante será poupado, pois abandonar o sonho é trair a humanidade. Será levado e julgado. Reformulações serão atenuantes, esperar momentos certos, agravantes. Se considerado culpado, deverá cumprir a sentença imediatamente, começando ali mesmo, na frente de todos.

Será condenado, a sonhar de novo!

Joakim Antonio


Imagem: Dreaming Flowers by Creative Lens

terça-feira

Dispersando-se


Ainda não se entregara por completo, mesmo vendo letras no olhares e frases nos gestos. Estava a um passo de cair, uma brisa para voar, um instante para se despedir e finalmente aceitar, tudo que não era.
Não era poeta, não era verso, não sabia poesia; não era forte, não era bravo, não tinha a mínima noção de o quê lhe possuía. Mudara a rotina da noite e aceitara o dia, mas na tarde seguinte, via tudo mudado, de volta ao que não queria.

Buscou o silêncio, mas ele gritou, ao selar os lábios, começou a tossir. Tentou conter as mão no bolso furado, sentiu o chão gelado invadir a meia puída, e então, sem saber o que fazer, correu. Fugiu da própria sombra e se escondeu no sótão do céu, mas o céu o traiu e se abriu, revelando um novo tom.

Cansado e encarando o destino, parou de correr, andou vagarosamente até o precipício das letras, e ao contrário do que pregam, não lhe nasceram asas, não ouviu trombetas, não descobriu nenhum segredo do universo, apenas sentou e se entregou.

Aos poucos, foi virando criança novamente e começou a cantar. Sentiu a prosa no sangue, respirou a crônica no ar, o coração rimou dentro do peito e a divisão, entre ele e as letras, se dissolveu no ar.




Joakim Antonio



Imagem: http://slotigork.deviantart.com/art/Dissolve-150402244
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