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domingo

Além do que os olhos podem ver


Você consegue ver? 


Eu tinha 14 anos no meu primeiro emprego, trabalhava de Office-boy em uma papelaria, fazia entregas aos clientes durante a semana, inclusive aos sábados, atendia no balcão, entregava correspondência todo dia cedinho no escritório central e fazia também serviços bancários. Ia do serviço direto para escola, me divertia muito nos dois, mas ficava ansioso pelo domingo, quando revia os amigos e tinha muitas histórias para contar.

Durante a semana havia um amigo na escola que era cheio de histórias, a família dele era bem humilde, como a minha, mas ele não trabalhava ainda. Ele já tinha 18 anos, entrara tarde na vida escolar, o que para mim era incompreensível, afinal ele era muito inteligente, fazia contas mais rápido do que eu manipulava minha calculadora, jogava xadrez como um mestre, era um escritor fabuloso e só tirava notas máximas. Eu me perguntava o porquê dele ainda estar no 3º ano do ensino médio.

Um dia eu pensei tanto nisso que não aguentei. Falei, Zé preciso te perguntar uma coisa, sempre penso nisso, mas nunca perguntei, aliás, duas, me diga por que você entrou tarde na escola e porque você não trabalha, já que diz que sua família passa por algumas necessidades?

sexta-feira

Escravos do Preconceito


Vocês viram como aquele cara é estranho?


Um dia um dos meus amigos apontou o dedo para um local e disse: estão vendo aquele cara, olha só que folgado, se achando o gostosão. No mesmo instante todos olhamos juntos, como que ensaiados, para onde ele apontara e vimos um cara enorme, loiro, cabelo estilo do exército e todo espetado em cima, devido ao gel que usava.

A impressão é que ele andava em câmera lenta, coluna reta, movimentos harmoniosos e olhar meio que distante, mas sem deixar escapar nada e cumprimentando a todos, especialmente as meninas, dando selinhos ao beijá-las.

Um de nós já concordou com o primeiro, dizendo que era folgado mesmo, agarrando todas as meninas e se achando o gostosão, outro já emendou que só podia ser “mauricinho” e que devia estar como carro que o papai deu lá fora estacionado e mais um lançou um olhar dizendo, olhem lá como ele gesticula meio afeminado, ali tem coisa. Todos olharam pra mim e falaram e aí Joakim nada a declarar sobre o “Arnold”? Eu olhei para todos e disse: não sei o que é, mas não fui com a cara dele!

Vocês conseguem notar o que aconteceu acima?

quarta-feira

Corrija-se



Fala-se muito de preconceito, em especial, nas formas de preconceito racial, social e sexual, mas há um tipo de preconceito que é muito comum, o praticamos desde criança e não nos damos conta disso.

Quando crianças, cansamos de rir dos amiguinhos que falam algo errado, dependendo do seu modo de falar é tachado de caipira, às vezes dentro da sala de aula diante dos professores, outras vezes na rua ou em casa mesmo.

Por muitas pessoas não ligarem, ou terem conhecimento, continuamos com esse comportamento pela vida afora, podendo muitas vezes sermos repreendidos, mas poucas ou nenhuma vez alguém nos diz que estamos praticando um tipo de preconceito, o preconceito linguístico.


terça-feira

Jogando o velho fora



Ontem eu decidi separar as coisas que não me servem mais, como trabalho também com conserto de PCs, sempre há algumas peças que guardo para uso futuro e após um tempo não valem mais nada, devido às constantes mudanças na parte de hardware. Incluem-se nesse montante até partes de peças somente, que podem ajudar a economizar no conserto para alguém que necessite e não tem como pagar por ele, algumas que ainda tem valor de venda, passo para minha irmã para serem vendidas no seu brechó.

As restantes, depois de colocadas em uma caixa, ficam por um tempo na garagem onde possam ser vistas e quem se interessa as leva embora para uso ou até para vender no ferro-velho. Ao colocar uma dessas caixas lá um amigo passou e disse, nossa quanta velharia, outro passou e pediu uma peça, pois estava precisando e não encontrava mais: você salvou a pátria, lá em casa, as crianças estão sem micro.

Se analisarmos a situação, podemos ver que o que é velho para alguns é a salvação da pátria para outros, ou melhor, o que parece velho, pois o conceito de velho é muito amplo. Mas o uso que mais me incomoda é quando usamos velho para designar pessoas.
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