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quarta-feira

Muitos



O povo do lobo era conhecido por seus uivos. Quer andassem com a alcateia ou sozinhos. Eu não tinha coragem de uivar quando sentia medo, poderiam me achar fraco. Como no povo do lobo nada é escondido, dirigi-me ao Xamã e lhe contei sobre sobre meu receio. Depois de ouvir tudo atentamente, ele me explicou.

"Menino lobo, sim pra mim tu é menino. Se tivesse soltado teu canto, veria que não importa onde, outros iriam lhe responder. Não uivamos pra pedir socorro, não que nunca precisemos, mas sabemos que ele pode vir ou não. Uivamos e respondemos, para que nossos irmãos saibam. Aqui, há alguém como tu. Com os mesmos receios e dúvidas, mas também com a mesma coragem de uivar aceitando-os. É isso que nos faz mais que irmãos. Cada uivo leva embutido nele um, Eu sou, assim como, Tu és."

Sem me despedir, corri pra fora, encarei a lua e as estrelas, enchi o peito com todo invisível que o universo me deu e uivei.

No momento seguinte, eu era multidão!


Joakim Antonio




Painting: Native american indian six by Morgan
Acrylic on canvas

sexta-feira

Guerreiro - Povo do lobo


No povo do lobo, os guerreiros são conhecidos pelo seu magnetismo. Quando quer conquistar alguém, ele nunca toca no nome de outro guerreiro. Quando não expressa, ninguém conhece sua musa. E suas conversas são segredos entre dois. Primeiro por respeito, segundo porque não é menino, terceiro porque ele só precisa da sua palavra, para mostrar a que veio.

Joakim Antonio


Imagem: Wolfman by Mrs dracula

Primaveril


O povo do lobo era fascinado pela primavera. Diziam que no inverno, o espirito do lobo corria pelas estações futuras. Em cada uma delas, via tudo que necessitava ser novamente e voltava trazendo presentes. Ventava em pobres estruturas, chovia alagando terras, queimava parte da floresta, rolava pedras nas antigas estradas e então dormia. Para cada acontecimento, o xamã via uma lição. Filhos que estavam parados, ajudavam a criar novas estruturas, a terra absorvia a água e alimentava a floresta, em especial, as sementes que só abrem na presença do fogo e as pedras na estrada, os obrigava a criar novos caminhos. Para cada ato, o espírito na floresta se fortalecia em união. A divisão, entre lobo e floresta, não mais existia. No último dia de inverno, a pele daquele lobo se recobria de flores e sua face surgia calma, para um novo caminhar. E no horário certo, todos se reuniam para a grande festa, pois o abrir dos seus olhos, acordava a primavera.


Joakim Antonio


Imagem: In quietness by Alectorfencer
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